Kara, uma andróide com sentimentos
OXIDER.EUA Quantic Dream votou a criar uma espécie de curta-metragem tecnológica daquilo que poderá vir a ser o futuro de mais um videojogo vindo desta produtora. Desta vez, vamos conhecer Kara, uma andróide que vai acordar para ser mais que um simples produto… (se não quiserem ver tudo, saltem para o 1.30)
Mas antes de me alongar numa opinião sobre este vídeo, regressemos seis anos atrás, onde a produtora por trás de The Nomad Soul e Fahrenheit, apresentava uma outra demonstração tecnológica intitulada de Heavy Rain.
O resultado, para quem nunca tenha visto, foi um vídeo de uma sessão de casting para um filme, ou o que seja, onde uma mulher se apresentava aos responsáveis por essa mesma sessão e a partir daí ela mostrava as suas capacidades em representação.
O nível de realismo, por vezes atingido pelas imperfeições da própria personagem ou pelas emoções transmitidas, era notável, para o ano em que estávamos, e ajudou que a história por ela retratada fosse tão trivial, comum.
Tudo nos foi vendido como apenas uma demonstração daquilo que pretendiam implementar num próximo videojogo, mais concretamente a nível de emoções e detalhe das personagens, mas o impacto que a demonstração teve foi tremendo. Aliás, quem viu o vídeo é capaz de entender o porquê do impacto. Encontrar aquele tipo de histórias e desenvolvimento num videojogo não é habitual.
O entusiasmo gerado à volta desse pequeno vídeo foi crescendo, por menos da minha parte, a cada dia que passava e fiquei incrivelmente curioso por saber como viria a ser um jogo onde tudo se podia limitar a uma traição ou relação extraconjugal. Infelizmente, o resultado final, conhecido por Heavy Rain, o mesmo título da demonstração tecnológica, não conseguiu chegar aos calcanhares do primeiro contacto que se teve com este nome.
Uma personagem a falar com a câmara e a expor os seus sentimentos, o que lhe ia na alma, teve muito mais impacto do que um assassino em série que rapta uma criança e onde nós vamos controlar o pai, uma jornalista, um agente do FBI e um investigador na idade da reforma, tudo para desvendar quem seria o dito assassino.
Anos depois, e voltando ao presente, a produtora volta a apresentar-nos mais uma demonstração tecnológica, para que o público possa ficar a conhecer o que poderá vir a ser feito, mais uma vez a nível tecnológico, num videojogo, mais concretamente, Kara. Hoje em dia o impacto visual que uma produção destas pode ter já não é tão elevado quanto aquele que surgiu há uns anos, principalmente porque o futuro apresentava novas consolas a entrar no mercado e o salto tecnológico, aparentemente, seria maior e mais significativo, ainda assim, Kara tem bastante impacto.
Impacto porque além de tudo ser visualmente apelativo, é impossível não criarmos imediatamente uma relação com este novo ser, que está a descobrir um novo mundo naquele instante e que ao mesmo tempo lhe está tudo a ser retirado num abrir e fechar de olhos. Tal como em Heavy Rain, estamos na presença de uma animação feita com base na captura de movimentos, expressões e voz de uma actriz, desta vez mais conhecida, Valorie Curry.
Mas desta vez já sabemos o que a casa gasta, como se costuma dizer… Temos um vídeo que poderia dar origem a um videojogo, ou filme, bastante intenso e repleto de temas por explorar nesta forma de entretenimento, mas também tivemos isso no passado e acabamos por ter um produto final já demasiado visto e que só foi novidade por todo o burburinho criado à sua volta e pela forma de se controlar as personagens, e toda a história, ser algo diferente do habitual.
Ainda assim, não consigo não ficar entusiasmado com o que poderá vir daqui, é impossível não ficar vidrado neste vídeo, seja a nível tecnológico seja a nível intelectual, é extremamente bem conseguido, chega mesmo a ser tocante, e talvez desta vez nos consigam dar algo que realmente seja novo em todos os sentidos da palavra e não apenas fogo de vista.
P.S.: se quiserem terminar de ver a entrevista, aqui fica a segunda parte.
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